História de coragem, determinação!
Artigos para Aprender
Comunicar é preciso
Os Meios de Comunicação do Surdocego
* Alex Garcia
No desenvolver deste artigo, abordaremos aquilo que para muitos
significa o único caminho a seguir para desfrutar de um desenvolvimento
e de uma vida de relação, digamos, um tanto mais potencial. Este
caminho que falamos é o da comunicação. Não há nada sem comunicação e
nada pode ser vista fora dela. Mesmo assim, considerando a causa e
efeito de todo e qualquer desenvolvimento, muitas vezes buscamos
aprender e ensinar, sem realmente conseguirmos nos comunicar
adequadamente com nossos semelhantes e com nosso mundo. Desta forma
organizamos este trabalho, tendo em conta os meios de comunicação
comumente usados por indivíduos Surdocegos, com o objetivo de
demonstrar o quanto é salutar e jovial o espírito humano para se
comunicar.
Nosso destino reservou-nos, muitos pensam assim, uma das piores
deficiências que pode existir em um ser humano - a surdocegueira. O
destino nos tira a cada dia que passa um pouco mais de nossa visão e de
nossa audição. Para muitos de nós, estes dois preciosos sentidos, não
existem mais, para outros tantos, eles nem sequer chegaram a surgir.
Mas apesar de nossa deficiência, que nos reserva surpresas a cada
instante, muitas, assustadoras, que fazem nosso coração e mente
dispararem, buscando abrigo, segurança num mundo profundo, na maioria
das vezes sem luzes nem som, mas que ainda há um pouco de ar para nos
mantermos vivos.
Assim somos desejosos de nos comunicarmos com o mundo que nos cerca.
Queremos conhecê-lo, experimentá-lo, fazer-nos sentir parte dele,
enfim respirar o ar que ainda resta. A comunicação para nós surdocegos
tem uma importância crucial em várias áreas de nosso desenvolvimento.
Toda nossa aprendizagem, por exemplo, passa exclusivamente por uma
adequada comunicação. Não podemos aprender e posteriormente ensinar se
não nos for transmitido toda e qualquer mensagem de uma forma clara e
precisa, mas não menos potencializadora de nosso pensamento.
Nossa vida de relação também sofre defasagem conseqüente de nossa
deficiência. A interação e as constantes trocas com nosso meio, para
muitos acontecem de forma obscura e para outros, inexistem, a não ser
que tenhamos algo ou alguém para nos colocar em "contato" com nosso
mundo. Tanto a aprendizagem quanto às relações que estabelecemos com
nosso mundo, devem e são encarados como fatores indispensáveis para
nossa boa - dentro de nossas características - saúde física e mental.
Muitos por não terem experienciado nenhum tipo de interação, não terem
sentido e conseqüentemente respondido a alguns estímulos básicos, ou
até mesmo, não terem sido compreendidos pelo seu mundo, mergulharam tão
fundo em sua solidão que hoje constituem casos graves e até mesmo
irreversíveis de isolamento. Dessa forma, nossa mão se abre. Abra a sua e
vamos partir para uma viagem à um mundo singular, onde as relações com
a realidade acontecem através do prazer infinito de se comunicar.
Meios de Comunicação
Meios de Comunicação
INTÉRPRETES E LÍNGUA DE SINAIS - O meio mais comum.
Nascendo-se surdo, a língua materna é a de sinais. O acréscimo da
perda visual restringe seu uso conhecido, visuo-espacial, para ser
adaptada, tornando-se, cinestésica-espacial, ou seja, o surdocego
visualiza mentalmente características de cada sinal através do
movimento. Já o intérprete do surdocego que na maioria das vezes exerce
também a função de guia, guia-intérprete, é um agente extremamente
capacitado. É através dele que a pessoa surdocega alcança o mundo
circundante. É imprescindível que o guia intérprete conheça os meios de
comunicação comumente utilizados, para que possa comunicar-se
eficazmente com o surdocego.
CCTV: Apoio de Leitura
O CCTV amplia a figura até sessenta vezes o seu tamanho. Com sua
ajuda pode ler e escrever mesmo que a visão residual seja muito pobre.
BRAILLE
A técnica Braille consiste-se de pontos em relevo que combinados
formam letras. Para escrevê-los usamos uma chapa, também chamada de
reglete, e um punção. Usamos também uma Brailler - máquina de escrever
constituída de seis teclas. Uma característica importante da técnica
Braille, é que ela independe de materiais físicos como o reglete, o
punção ou a Brailler para ser comunicativa. Apenas devemos entender que
a técnica Braille constitui-se de "seis pontos não obrigatoriamente em
relevo" para estabelecer uma comunicação, ou seja, onde houver a
possibilidade de trabalharmos "seis pontos" a técnica braille estará
sendo usada e bem aceita.
TELLETHOUCH - Aparelho de Conversação
Este aparelho tem teclado de uma máquina Braille e um teclado
normal. O teclado Braille assim como o teclado normal levantam na parte
de trás do aparelho uma pequena chapa de metal, a cela Braille, uma
letra de cada vez. A Tellethouch constitui-se, apesar de sua idade de
criação, um dos principais meios de interação do surdocego com outras
pessoas. Ao interlocutor do surdocego basta saber ler. Sabendo ler
pressionará as teclas normais da tellethouch como se estivesse
redigindo um texto escrito qualquer.
TABLITAS DE COMUNICAÇÃO
Fabricadas em plástico sólido, representam em relevo as letras e os
números ordinários, assim como, caracteres do sistema Braille. As
letras e os números estão superpostos aos caracteres Braille. O dedo da
pessoa surdocega é levado de uma letra/número a outra(o) ou de um
caractere à outro, estabelecendo desta forma a comunicação.
DIÁLOGOS - Fala Escrita
O diálogo inclui uma máquina Braille/aparelho de escrita, uma
máquina de escrever eletrônica, um gravador e uma conexão telefônica. A
pessoa surdocega escreve na máquina Braille. O texto é impresso no
papel da máquina de escrever para a pessoa vidente ler e vice-versa. As
conversas podem ser estocadas na memória do aparelho se assim for
desejado. A pessoa que receber a conexão de telefone precisa do
diálogos, um teletexto, uma impressora equipada com modem de um
computador.
ALFABETO DACTICOLÓGICO
Cada uma das letras do alfabeto corresponde a uma determinada
posição dos dedos da mão. Trata-se do alfabeto manual utilizado pelas
pessoas surdas. Apenas que neste caso está adaptada à versão tátil.
LETRAS DE FORMA
Encontra aqui um método verdadeiramente simples. A única condição
necessária para que funcione é que nosso interlocutor conheça as letras
maiúsculas do alfabeto: As letras são feitas na palma da mão, ou em
qualquer outra parte do corpo do surdocego, uma sobre a outra. O
próprio dedo indicador do interlocutor, ou o dedo do surdocego é usado
como caneta.
TADOMA
Quando falamos em tadoma, estamos nos referindo ao método de
vibração do ensino da fala. A criança que está sendo ensinada no tadoma
tem que colocar uma e inicialmente às duas mãos na face da pessoa que
está falando. Com bastante treino e prática a possibilidade de se
comunicar através deste método tende a ser grande.
SISTEMA PICTOGRÁFICO
Os símbolos de comunicação pictóricos - Picture Communication
Symbols (PCS) fazem parte de um Sistema de Comunicação Aumentativa
(CAA) que se referem ao recurso, estratégias e técnicas que
complementam modos de comunicação existentes ou substituem as
habilidades de comunicação existentes. Em síntese, o sistema
pictográfico consiste-se de símbolos, figuras, etc, que significam
ações, objetos, atividades que entre outras características podem
servir como símbolos comunicativos, tanto receptivamente quanto
expressivamente.
CONCLUSÃO
Em síntese a esta pequena contribuição gostaríamos de deixar claro
que a qualidade essencial de qualquer vida satisfatória e
recompensadora passa quase que exclusivamente por uma interação entre
as pessoas. Há pessoas surdocegas que não possuem desenvolvida uma
linguagem formal. Ainda assim, elas tem, uma consciência muito forte de
outras pessoas, situações, ambientes, objetos, etc....Desta forma que
acreditamos que comunicação não é apenas linguagem. Comunicação pode
ser a "Linguagem Interna" que é construída de experiências de vida e
esta, tem um poder tão grande que foge aos sentidos humanos; tem entre
outras qualidades, a luz, o som, o ar, o toque, o movimento, a
sabedoria e o talento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Comunicate Com Nosotros. Fundación ONCE Lerner Printing, S.A Madri, 1990.
Johnson, Roxanna M. The Picture Communication Symhols Guide Mayer - Johnson Company, 1998.
Shields, Ioan. Tadoma: O Método de Vibração do Ensino da Fala - Tolking Sense . Vol 34, nº 4 Winter 1988.
The Finnish Daf - Blind Association. Os meios de Comunicação do SurdocegoMimiografado, não datado.
Johnson, Roxanna M. The Picture Communication Symhols Guide Mayer - Johnson Company, 1998.
Shields, Ioan. Tadoma: O Método de Vibração do Ensino da Fala - Tolking Sense . Vol 34, nº 4 Winter 1988.
The Finnish Daf - Blind Association. Os meios de Comunicação do SurdocegoMimiografado, não datado.
* Pessoa Surdocega. Presidente da Agapasm. Escritor.
Especialista em Educação Especial. Vencedor II Prêmio Sentidos.
Rotariano Honorário - Rotary Club de São Luiz Gonzaga-RS. Líder
Internacional para o Emprego de Pessoas com Deficiência Professional
Program on International Leadership, Employment, and Disability
(I-LEAD) Mobility International USA / MIUSA. Membro da World Federation
of Deafblind - WFDB. Membro da Aliança Brasileira de Genética.
Colunista da Revista REAÇÃO e do Portal Planeta Educação. Consultor da
Rede Educativa Mundial - REDEM. Consultor Instituto Inclusão Brasil
FONTE: http://www.agapasm.com.br/artigo003.asp - ACESSO EM 04/04/2014 às 9:42.
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